quarta-feira, 2 de março de 2011

Engenheiro Caldas, 48 anos de Fé

O processo de ocupação do antigo povoado de Santa Barbara, hoje cidade de Engenheiro Caldas, pode ser contado a partir do processo de povoação do Vale do Rio Doce.
                Em meados do século XVIII, a Coroa Portuguesa declarou o ouro e o diamante como propriedade da Coroa, iniciando um processo expulsão de mineradores das regiões do Vale do Jequitinhonha, mais precisamente das regiões próximas a Diamantina, na época conhecida como “Arraial do Tejuca”, e da região central de Minas Gerais  próximas o Ouro Preto. Em  consequência ocorreu a expulsão de mulheres e homens, proibição da venda de bebidas, interdição de vendas e vendedores ambulantes além de haver a expulsão dos mineradores clandestinos da região e a proibição da mineração de ouro, obrigando, assim, os moradores a se dedicarem à lavoura e à pecuária (BARBOSA,1981).
                Com a exploração desordenada para envio de ouro e pedras para a Europa, logo às jazidas aluviais se esgotaram e os colonizadores perceberam que não conseguiam mais manter a mineração aurífera.
                 Neste período as cidades do ciclo do ouro passaram por um melancólico esvaziamento. Os mineradores, os clérigos e escravos se distanciam das cidades buscando longínquas terras.  Às vezes ainda tentavam a mineração de ouro, mas acabavam abrindo currais, fazendas e pequenos negócios; começam as costruções de capelas, criação de freguesias ou vilas (CARRATO, 1968)
.              No final do século XVIII, ocorreram incursões no Vale do Rio Doce proximas às terras ocupadas pelos Índios Krenak que viviam à margem esquerda do Rio Doce, e que hoje se reduziram a apenas uma aldeia de menos de 200 indivíduo próxima a cidade de Resplendor, visando novas descobertas de jazidas e combater o trafico de ouro no Rio Doce, pelo então Governador da Capitania Conde de Cavaleiros. O Governador voltou de Barra de Cuieté, as margens do Rio Doce a menos de 100 Km da região onde seria Engenheiro Caldas, entusiasmado não com a mineração aurífera mas com a criação de uma colônia agrícola. Tomou a iniciativa de mandar para o local uma companhia militar para ocupar a região, desde Barra de Cuieté até Natividade, hoje Aimorés (VASCONCELOS, 1974).
Pintura da primeira capela de Santa Barbara
quadro de Jose Matías
                Mas a efetiva ocupação da região somente se deu a partir de construção da Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM). Iniciada em 1903 em Vitória, em 1910 chegava ao então pequeno entreposto comercial de Porto de Figueiras, hoje Governador Valadares.
                E foi neste contexto, então, por volta de 1906, que uma caravana composta por doze homens, entre eles José Manoel, Francisco Manoel, Joaquim Manoel, Joaquim Domingos, chefiados por Joaquim da Silva (o Coronel Pião) adentrou o território, a procura de terras férteis. Esta incursão afastou-se das áreas já ocupadas, próximas às margens do Rio Doce, dando origem ao povoado que hoje é o município de Engenheiro Caldas.
                A primeira construção no local foi um “barraco” ao final da antiga Rua Pedro Faria, hoje  Rua Joaquim Manoel Ribeiro. A partir de então, os novos colonizadores iniciaram a ocupação do território, que se deu ao longo dos leitos do Córrego do Onça e do Córrego das Pedras, em área plana, rodeada por planícies onduladas que lhe dão um caráter de proteção natural.
                O Coronel Joaquim Pião, que comandou a incursão da caravana e a ocupação do território, por devoção à Santa Bárbara doou, à própria Santa, simbolicamente, terras de sua posse na região da nova “área colonizada”. Daí o nome do povoado de Santa Bárbara.
A primeira Missa foi celebrada pelo Padre conhecido como Padre Palhinha, em um pequeno altar erigido onde hoje está localizado o Hotel Pimenta, na Av. Vereador Sebastião Pernes de Miranda. Posteriormente foi construída a primeira capela de madeira, no morro do cemitério, mas que foi destruída pelo vento.( pintura acima)
                De acordo com relatos dos moradores mais antigos do município, a Igreja Matriz foi erigida logo após a destruição da capela de madeira, pelo vento.  A primeira missa, após a emancipação, foi celebrada pelo Padre João Pina do Amaral. Segundo Padre José Dias Xavier, hoje pároco de Engenheiro Caldas, a paróquia foi instalada no ano da emancipação do município (1962) pertencendo à Diocese de Caratinga até o ano de 1974 aproximadamente, quando tornou-se Paróquia pertencente à Diocese de Governador Valadares.
Pe. Lessio
                Os párocos que assumiram a paróquia desde sua instalação foram Padre Geraldo Magela, Padre Rocha (ou Campos), Padre Chiquinho, Padre Léssio, Padre Roberto Bocca e atualmente Padre José Dias Xavier, desde o ano de 1975.
                A Estrada de Ferro Vitória-Minas, aberta em 1904  teve grande importância para a região no que se refere ao escoamento dos produtos, porém, foi com a implantação definitiva da BR-116, cujos estudos iniciais também datam dos anos 30 -1939 – que o povoado , atualmente Engenheiro Caldas, se desenvolveu.
                Como Distrito de Santa Bárbara, criado em 1948, pela lei nº 336, de 27/12/1948, pertencente ao município de Tarumirim, passou a denominar-se Santa Bárbara de Tarumirim.
                Em 01/03/1962 como distritos, Santa Bárbara e São José do Acácio foram desmembrados de Tarumirim.
                Ao emancipar-se  em 30 de Dezembro de 1962, como município, pela Lei nº 2764, de 30-12-1962, Santa Bárbara então recebeu  a denominação de Engenheiro Caldas, alterado pela Lei estadual nº 2764, de 30-12-1962, em homenagem ao Engenheiro Felipe Moreira Caldas que participou da frente de trabalho para a construção da antiga Rio-Bahia (BR 116). 

Leandro Vergilio Almeida

Um comentário:

  1. Paz e Bem irmãos(ãs), quanta saudade!!!
    Que alegria encontrar minha querida Paróquia via internet...
    Rogo a Nosso Senhor que perseverem firmes na fé e na vivência do Santo Evangelho. Que amá-lo e servi-lo seja vossa maior alegria, sentido único de nossas vidas...
    Santa Bárbara, rogai por nós!
    Com Orações: Irmã Maria Antonela (fruto dessa querida paróquia...)

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